sábado, 22 de outubro de 2011

Poema de Deus pra você

"Eu o chamo pelo nome
Não, você não é um clone
Com as minhas próprias mãos Eu o formei
Maravilhosamente, cuidadosamente Eu o planejei

Você é o poema de amor que eu escrevi
Você é a obra prima da minha criação
Antes mesmo deste mundo vir a existir
Você foi gerado dentro do meu coração
Pra sua vida eu compus a mais linda canção
Com sete notas de execelência, glória e amor
Deixa-me soprar o meu Espirito em você
E a musica da sua vida vai resplandecer

Sou a Autor da sua vida
Posso curar suas feridas
Apagar a marcas feitas pela dor
E escrever de novo
A melodia que a lágrima manchou

Quando a força do seu arco impulsiona para trás
Pra fazer que a sua flecha alcance muito mais
Darei vida aos grandes sonhos que o medo ocultou
Eu te amo tanto, tanto
Como é grande o seu valor."

Alda Célia

domingo, 16 de outubro de 2011

Definindo-me em imagens!

Quem sou eu:


O que me faz sorrir:


O que me faz chorar:



Hobby:



Minha cor:




Sonhos:




Melhor lembrança:


Profissão: 



Música é:



Livro é:





Um filme:


Esporte:


Pecado:



Uma certeza:


Lembranças da infância:



Vivianne Oliveira

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entregue-se!

''Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.

Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.

Esteja, entregue-se.''
 
Martha Medeiros

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sangrando


Fui até a praia e molhei os meus pés no mar. Meu útero me
impõe limitações. Há esses dias de sangue. De inchaço. De pouco humor. De uma carência tão latente que dói. Tento a reclusão e silencio. Me auto-abraço porque não sei pedir carinho. Minha parte mulher que limita me apura em outras vias. Nestes dias sou da observação e me desdobro, sensível, ao que for hostil. Depressão. É então que o amor carrega peso e reclama cuidado. Perco o fôlego. Choro. Por hora perco o foco. Esses dias passam. Mas acredito na sorte de outros dons.

Vivianne Oliveira

Eu sou, tu és!

Me deixa escutando música sertaneja, Jorge e Matheus, Paula Fernandes, Victor e Léo ou outra música, Rock, MPB, Jazz. Quero ficar  no meu canto achando bacana (ou achando um tédio) ficar sexta e sábado a noite em casa, vendo filme com meu maridinho. Prefiro pensar que só existe gente boa no mundo e que maldade é coisa inventada por gente que não tem o que fazer. Me deixa aqui, confiando ou não em quem acabo de conhecer. E mais, nem fale comigo sobre eu deixar tudo pra viver ao lado de quem eu conheço há poucos meses.

Me deixa dar gargalhadas do que ninguém acha graça, do carro quebrado, da chuva e o cabelo escovado. Me deixa gostar de verde mas preferir usar azul, ao mesmo tempo curtir um rock e por vezes precisar do silêncio. Me deixa achar o silêncio bonito e a conversa difícil e vice versa.
Me deixa sonhar com o que talvez eu nunca tenha, e vezes reclamar do que tenho. Me deixa ser injusta. Nada mais justo quando os outros também são. Me deixa sair da dieta por causa do queijo qualho com melaço, arroz com pequi, empadão, e aquela pamonha quentinha. Deixa eu sentir saudade e não dizer, amar e não falar, gostar e não comentar. Deixa eu sentir tudo isso e dizer ao mundo inteiro. Deixa eu chorar escondido e sorrir pra todo o mundo ver. Deixa eu tentar inutilmente prender o riso, a gargalhada.


Me deixa no meu canto quando não quero atender ao telefone, sair de casa ou falar com alguém. Me deixa sair de havaianas e jeans como quem calça um sapato de grife e um vestido da moda. Me deixa vestir a minha melhor roupa, botar um salto alto, me maquiar e ficar linda pra mim mesma sem ser chamada de metida. Me deixa ao menos morar nas estrelas e pisar nas nuvens que eu mesma inventei. Me deixa pensar no amanhã com mais preocupação do que no hoje. Se isso não se faz, acho que ninguém te perguntou. Deixa eu ser mal educada como forma de expressão.


Me deixa pintar as unhas de acordo com o meu humor, arrumar minhas roupas por ordem de cor, isso me deixa tão organizada por fora o quanto gostaria de ser por dentro. Me deixa aqui com minha desordem interna. Eu sou chata, ciumenta e preguiçosa. Me deixa com minha teimosia, minha impaciência. Me deixa aqui com meu sotaque de goiana do interior. "Me deixa e fecha a porrrta!!".


Deixa eu aqui com a minha mania de fazer as coisas do meu jeito. Me deixa como sou, como quero ser. Me deixa olhar para o mar e achar que temos alguma conexão. Me deixa aqui só para eu me arrepender da besteira que ainda não fiz. Me deixa fazer besteira só para eu me arrepender e pensar que já sabia mesmo, que fiz consciente de que daria errado, quando na verdade eu nunca soube de nada. Deixa eu encher o peito de esperança e distribuir pedacinhos a quem precisa.


Deixa eu encher os bolsos de aceitação própria e soltar em algum vento teimoso, que é pra voar até você que não se deixa ser...deixa eu sentir demais e não saber falar sobre. Deixa eu ficar falando dos meus gostos como forma de me entender. Eu deixo você ser...você me deixa também!

Vivianne Oliveira

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A fragilidade da alma

Não pretendo fazer um elogio à mediocridade, mas um aplauso à fragilidade. Não pretendo justificar sua pequenez porque a criação transporta sinais de grandeza. Se a grandeza e a excelência provocam admiradores, a humildade e a simplicidade provocam seguidores. Uns recordam o que nunca fomos, outros conduzem-nos ao que seremos. De fato, há pessoas que têm a habilidade de relacionar-se com a sua natureza humana de forma contagiante. Como se nos levassem a desejar a grandeza (de alma). Ser grande não é ser menos do que se é. Não é ser perfeito, é ser humano. Não é ter que sentir obrigação de ser outro pra se sentir amado, querido. Mas se mostar verdadeiro, errando, acertando, só assim aprendendo. Ser grande é mostrar a beleza da verdade de um coração, ser corajosoo bastante para dizer: "eu preciso de ajuda", é dizer "me perdoa", sem se sentir humilhado, é soltar um "eu te amo", vindo do coração. É ter uma verdade que se faz carne. Mas, não se trata de diminuir-se ou rebaixar-se, trata-se de ser quem se é. Não é despir-se, mas revelar-se. E a pequenez é tanta, que quem é pequeno, se deixa ser porque não sabe que é grande. E passa a vida toda dizendo sim, quando queria dizer não. Passa a vida toda se escondendo atrás dessa falsa fragilidade e não se dá conta do próprio engano. E chega uma hora que já não é mais suportável. E é esta habilidade destreinada de algumas pessoas que nos leva a desejar a simplicidade e a nobreza de coração. Vivem como se já não estivessem entre nós. E de fato, não estão. Deixaram de estar no “entre”, na fronteira para decididamente entrarem na própria esfera do "eu". É esta a beleza que os esperam.
             
          Vivianne Oliveira


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Contido

Eu vi tudo se passar diante dos meus olhos, meus mitos estavam todos superados. Não gosto de ingenuidade das pessoas, o comodismo delas me exaspera. Tenho vinte e alguns anos e nenhum ídolo, mas procuro ainda entre as mesas da cidade um olhar um pouco mais compreensivo, alguém, um índício de um paralelo clandestino num universo duvidoso, que não se possa supor pelo aparente sorriso frívolo.

Talvez entre os que tramam, os que conspiram, os que infernizam a vida alheia, talvez entre as pessoas mais secretas do planeta haja algum olhar pérfido e os que permitem, talvez os ambíguos ameaçam os mais loucos e os obsessivos fascinados por alguma razão, queiram viVER.

Passei a acreditar no fascínio, na doentia, na obstinada paixão mais absurda que nos torna transparentes para nós mesmos e para os outros eternamente impenetráveis.

Vivianne Oliveira



quarta-feira, 1 de junho de 2011

Chance

A corrente sublimou o fluxo incansável das ondas, não consegue voltar para trás, há pessoas. Fluem num só sentido, sem orientação plausível, percorrem os trilhos num fluxo invisível. A água salgada embate nos muros da saudade, julgando ser detentora de racional vontade, sem voltar atrás, arremessa o portão do coração, alcança a véu da mente que é arrasado com emoção.

A corrente sublimou o fluxo que, por fim, estagnou, quis ser o dono do meu fado, mas de certo que se enganou, pretendeu envolver-me na teia infrutífera do passado, como se viver o presente fosse um verdadeiro pecado!

Purifico a água corrente que percorre o meu corpo, que, do que já se foi, quer sentir-se morto! Arraso o vendaval que jaz na mente programada, construo no agora uma renovada jornada. As tempestades açoitaram-me na alma, mas, tudo se reconstrói com a devida calma! Seja no ontem, no agora, ou daqui pra frente.


Vivianne Oliveira

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Não é amor

Amor é pouco.
Amor acaba, degenera, adoece.
Não cabe em quatro letras e nem serve de moldura para porta-retrato.
É mais.

É uma mistura de tudo o que possa existir de mais bonito em um ser humano.
É um quadro de Monet.
É uma sensação de leveza,
É uma carga diária de vida.

Não é amor, ganha.

É um choro repentino,
Uma alegria inacabada,
Uma vontade de ganhar o mundo porque, inconscientemente,
Sabe-se da segurança do para-quedas.
É um domingo barulhento, uma letra bonita, uma surpresa.
É uma escolha dita e redita.

Não é amor, é a própria vida.

É uma certeza que chega a doer de tão bonita.
É um carinho que inunda os olhos.
É uma crise de riso.
É aprender a admirar o outro pelos detalhes.

Não é amor, é o alfabeto inteiro.

É rezar, baixinho, para que o sono seja tranqüilo
E que os santos e axés estejam, parados, observando como os dois são lindos.
É uma proteção sem culpa. É um diálogo com abraços.
É um silêncio que acalma.

Não é amor, é imenso.

É uma viagem a uma praia distante.
Um poema de Drummond. É uma dedicação desmedida.
Uma ida sem volta. É luz.


Não é amor, é uma sensação divina.

É um agradecimento diário, uma inveja alheia. São duas coisas que
brilham tranquilas, sem medo.
É um mundo de problemas facilmente solucionáveis.

Não é amor, é entrega.

São as lágrimas que caem agora só para desafogar.
É onipresença, equilíbrio, moradia.
É felicidade na sua melhor forma.
É uma sorte.

Não é amor, ultrapassa.



Fonte Site: aclarameninaclarablogspot.com

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Escrevi, mas não mandei!

Goiânia, 20 de Abril de 2010.


Querido,


São as verdades que você detesta ouvir que insisto em deixar bem claras para você. São as situações, os rótulos e os nossos estados diante daquilo que não nomeamos que eu exponho a todos os ventos que chegam a tua casa. Te respondo com as mesmas perguntas de quem não tem nada o que fazer e tenta inflar o ego com o que, um dia, foi o número de telefone que mais tocava, a companhia certa e o corpo que te mantinha tranquilo. É simples, é normal, é humano.

São coisas da vida, são aquelas vontades da madrugada. E eu poderia te ignorar, te contar todas as mentiras que por ventura aparecessem nos meus dedos, inventar uma poça de culpa e apontar todas as falhas, as faltas e as necessidades que poderiam até hoje gritarem em mim.
Mas você é fraco, não compra briga, faz do silêncio o teu aliado, ao contrário de mim. É sempre essa dúvida, essa indecisão sobre os dois pra lá ou dois pra cá e termina que nem no meio você fica. Acredita em um amor imenso que não passa do chão e implora, nas tantas entrelinhas milimetricamente escritas, pelas minhas loucuras sem fim. É a minha liberdade e a minha mania explosiva, espontânea de te contar como todo dia pode ser feriado quando se tem aquela vontadezinha de vida que te desequilibra, desespera.


Você vai, some e volta quando as coisas fogem do teu grau aceitável de realidade. E acredita, com todas as letras das quais você não sabe se usa ou não, que eu estarei aqui, sorrindo, cheirosa e linda pra te contar sobre o ontem, só pra te fazer esquecer da vida, daquela vida. Eu sou aquela coisinha boa que você não pretende esquecer, não é?

Pena, grande pena, que você é que não percebe que todo aquele amor que ousei ter era teu. Tudo era teu. Pena que você sequer entende que cada fonema, cada frase, hoje, é uma desculpa que não arranja sentido na esquina. Que assumir, de vez e de cara limpa, seria a forma mais simples de tratar do assunto.


Assumir a tua dúvida, assumir a minha vontade de ficar enquanto o mundo desmorona com meus discursos e só deixar a chuva cair sobre os nossos corpos colados. Seria mais fácil eu assumir que deitar no teu colo era a parte do dia que eu mais esperava ao invés de me mostrar tão decidida e cheia de mim durante as nossas conversas que a vida, lá fora, é mais interessante. Porque ai, talvez, eu desse espaço para você assumir claramente a sua vontade de reescrever a nossa história e mudar as falas, entender que “complexo” não era e nunca vai ser a melhor palavra para designar algo ou alguns dias que foram, para mim, inexplicáveis.

E fica nisso, sabe? Essa tua falta de coragem que se resume a mensagens instantâneas e a minha falta de paciência que se encurta a cada falta de toque. No fim, eu termino selecionando uma ou outra coisa que ainda estão depositadas nas entranhas para revidar sei lá mais o quê, até você cair em si e entender que o medo é o elemento norteador do teu ser e que mesmo assim, mesmo assim, te querer fazia parte dos meus poucos planos.


E poderíamos deixar todas as poses de lado, as dificuldades e voltar àquela cama improvisada, daquele quarto que nem nosso era. Melhor, poderíamos tirar esse futuro que nunca se realiza da gaveta e escrever por fim um texto no presente, qualquer que fosse. Seríamos mais honestos ao assumir que ainda há frio, calor, dança. Seríamos mais honestos em evitar o ponto final de um parágrafo que nem sequer sabe que foi parágrafo, sabe como é? Eu te diria todas as coisas lindas que eu guardei pra você, até quando eu achei que naqueles versos as tuas características destoavam nas rimas, até quando eu procurei, por todos os diversos sinais do teu corpo, as minhas ânsias maiores e nem sequer vi vestígios.


No entanto, eu te mostraria, amarelas ou não, as diversas folhas escritas sobre a tua forma de rir que deixam os teus olhos bem pequenininhos e a sensação que causavas quando a tua boca se aproximava da minha e todas as coisas que só tinham que ser com você. Eu me desarmaria, completa, plena. Ou não.


Ou não. Ou isso foi outra situação que eu ainda, por não querer de verdade, compreendi. Ou isso foi uma música daquelas que eu não escutava, mas que era uma das suas preferidas. Uma oportunidade perfeita, quem sabe. Um personagem para textos longos e desequilibrados. Ah, menino, são tantas as possibilidades, são tantas as versões que também se cruzavam quando, sem temor, dávamos as mãos e que perderam o motivo, a graça quando caíamos na tal da realidade.


Portanto, te escrever já não basta, de nada adianta abrir as portas porque você não vai passar do portão e eu ainda vou dizer que estou com pressa, que o mundo me chama ou qualquer outra coisa que seja mais rápida e fácil de dizer quando não se tem mais nada o que dizer. Te escrever é preencher uma folha que não será lida, não fará diferença e que, cedo ou tarde, será rasgada por ocupar um espaço alheio. Porém, está aqui. E entenda , por favor entenda que, nas entrelinhas – aquelas linhas em que eu esboço todas as verdades que não podem ser escancaradas por puro pavor do tamanho das minhas palavras e pelas distâncias absurdas que elas percorrem -, tudo o que eu preciso te dizer é que você foi e é uma das melhores coisas que me aconteceu. Mas que isso é meu. Só meu. É simples, é normal, é humano.


Se cuida.

Vivianne Oliveira

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Você em Mim


O seu amor está em mim. E por isso sinto pelas minhas veias correrem o seu sangue e o meu coração pelo seu pulsa.
Sou feita de você, e se eu tiver que me fazer de mil maneiras pra ser sua eu não me importo, porque no final nada poderei ser senão toda amor. E vou sendo embalada pelo som doce de sua voz de ternura que penetra e se esconde pelos meus poros onde não há como esconder.

A gente se doa, nos vemos nos olhos, na pupila dilatada do outro e com apenas um gesto acenamos afirmativamente com os mesmos propósitos. E eu sei que há muito de você em mim, existe uma familiaridade absurda no nosso olhar, e isso para mim basta. Que eu nunca perca você de vista.


Vivianne Oliveira

domingo, 8 de maio de 2011

Escolhas

Não poderia ser melhor, não poderia ser pior, não poderia ser diferente de como está sendo agora, se este agora me convém. Liberdade sem amor não me agrada, mas há paixões, e estas sempre dão uma vontade a mais de me aventurar diante do fato de estar livre. Não me perderei no labirinto de mim mesma, me tenho aqui com todas as sensações. Se é real ou se é ideia, não importa, estou vivendo.

Só lamento pelos laços que se desfazem, pelos sentimentos que não desacontecem mas que, por alguma fatalidade ou pela falta desta - porque a falta de fatos se torna, em si, um fato - estagnam. Mas é da vida. E o fato de eu não compreender, já não faz mais com que eu me torture com o exterior.

Vivianne Oliveira

:)

Mudanças


Quando a mudança acontece da forma mais natural, e é bem recebida, tudo o que surge a partir dela precisa ser vivido da melhor maneira. O presente precisa ser respeitado, não misturando-o com o passado. Em outras palavras: quando todos os personagens morrem, a história acaba. A nossa história não termina agora, é apenas o começo de muitas outras histórias que virão junto. E que venha então. Eu não abro mão de nada que me remete a você.


Vivianne Oliveira

:)

sábado, 7 de maio de 2011

Desabafo

Há dias em que a melhor opção é entrar pela porta dos fundos, no estralar de dedos, no calar da noite e da alma. Por que alguns caminhos são feitos de silêncios e estradas cercadas por muros de medo que construímos no ir e vir das ondas, no parar do tempo que cada um esconde. Por isso ando ziguezagueando por ai...

O que há de chegar pousa bonito, e é na leveza dos passos que a gente finca os pés na esperança. Se cair, levanta. Se ancorar, provoca algumas quedas, improvisa algumas pontes, desamarra algumas dores e segue. Por que caminho a gente sempre tem. Difícil é não se perder nele.

E tem dias que pesam em mim como se aqui dentro eu carregasse todas as palavras que um dia foram ditas e ouvidas, vomitadas, engolidas, gritadas e caladas por mim mesma, por alguém, por todos, por tudo que um dia fui sinônimo de reciprocidade e que hoje já não sou, ao pé da letra. Como se as flores arrancadas pelo caminho da vida de outrem, agora criassem vida própria aqui dentro do meu peito, e sentissem uma necessidade de brotar em cada parte do meu corpo, mas antes disso, se perdessem ao cair dentro dos poços abissais que a vida nos cava.

Como se os abraços agora me sobrecarregassem e os beijos tivessem amortecido meus lábios. Como se em cada caminho eu tivesse dado uma parte de mim - cedo aprendi que não se pede de volta o que se dá - e se eu não dei, perdi, esqueci, e não voltei pra buscar porque acreditava que lá na frente a parte vazia seria preenchida, e foi, mas o ciclo se tornou vicioso e isso já me é cansativo. Como se a saudade me doesse, ás vezes. A saudade de mim que já não sou aquela que fui um dia, como se alguém me fizesse ser a pessoa que eu era e gostava de ser. Como se agora me sou nostalgia, ontem eu fui alguém, e em algum amanhã eu serei de novo, algo melhor.

Não é que eu tenha deixado de amar você, meu coração continua amando todos os merecidos, é verdade que algumas atitudes me remetem muito mais mais amor do que outras. Mas o meu amor por você é diferente, e não me peça explicação. E não te julgo, cobro ou faço parecer a coisa mais inadmissível do mundo. Eu simplesmente vejo essas suas tentativas de abordar o mesmo assunto com muitas pessoas ou ex-relacionamentos como um naufrágio proposital. E, veja bem, você não está errado em tentar. Mas está errado em querer que eu acredite que comigo vai dar certo de novo. Sinto muito por não acreditar.
Eu acredito no amor, no meu amor. Mas estamos bem longe de fazer um encontro entre nossas definições desse sentimento sem regras. Eu ainda te quero bem, mas te ver buscar em mim, como eu vejo, dando aqueles mergulhos fatais em busca de algo que você queria que fosse para sempre e não foi pela primeira vez, me deixa sem expectativas. E eu ainda sinto muito por te ver fazendo essas acrobacias, tentando me fazer acreditar que comigo é diferente.

De forma condicional, pronominal, reflexivo eu te escrevo. Não é só a rotina nada pragmática das coisas. Eu não faço letras, muito menos as digiro. Ou dirijo. A realidade nem sempre é tão real. As coisas não são tão mutativas. “Se eu chegar a partir”. Sim, porque tenho sempre essa sensação palpitando na garganta. Sempre, porque ela nunca mais saiu de lá desde que eu resolvi um dia ser sincera com o mundo. E aí não valeu de nada. E posso garantir que não é o que eu quero. Como se fosse um pressentimento.

O meu crédito já está há muito vencido. Difícil mudar certos instintos, certas inflexões.
Como você sabe, já tive saudade de infinitas coisas e pessoas. E hoje estou tendo saudade de mim. Hoje veio diferente, senti tanta saudade de quem eu fui um dia e de saber que um dia eu já fui outra. Sim, tenho plena convicção de que não sou a mesma e não me importo em admitir esse grande detalhe da minha vida. Difícil definir isso, mas meus olhos sabem muito bem.

O que me cansa é me sentir analisada todo o tempo por pessoas que nadam sabem de mim, que me julgam por vivências do seu próprio passado. Como se me testassem, como se quisessem saber o que é melhor e o que é pior, o que é igual e o que é diferente. Eu não faço isso, não uso referências nem espero superação. Eu me entrego sem querer saber o que é e o que não é. Eu recebo como vem e não procuro saber se age igual ou diferente, se melhor ou se pior. Sentir que estou sendo avaliada assim me incomoda e, de alguma forma, me faz duvidar da verdade das coisas, porque isso não se faz. A gente está tão junto a ponto disso me incomodar, nem tão separado a ponto de não me machucar.

E durante esse tempo eu aprendi a revestir com camadas de coragem o que me impede de ver pequeno. De ver ruim. Com o tempo eu aprendi que as coisas não te ferem mais como antigamente, porque é dentro de você que as coisas permanecem intactas e bonitas. Com o tempo eu aprendi que às vezes não compensa gastar tempo se doando por inteiro pra uma pessoa que não sabe se dar. Pra uma pessoa que sonha baixo e afoga as ternuras num copo de ressentimentos sem gelo.

E claro que eu sou do tipo que acha o perdão algo supremo e necessário. Mas nem por isso sei aplicá-lo muito bem na minha vida. Perdão pra mim é como uma ferramenta mecânica, não sei usar mesmo. Já fui lá, fiz uma limpeza mental, conceitual e experimental pra tentar dar moradia a esse fulano no meu coração. Mas olha, houve rejeição. Pelo jeito ainda não consegui perdoar o próprio perdão. Pois é, ele já me enganou direitinho e mágoas sobraram. Mas eu busco em Deus esse aprendizado, e tento aceitar que nada posso fazer.

Talvez isso explique minha imensa dificuldade em conseguir abstrair o passado. De novo, o passado. Mas também o futuro, porque todo mundo sabe que os dois estão tão amarrados quanto a minha cara de quem não sabe perdoar. E eu não sei perdoar a ausência e muito menos a presença - indevidas de muitos, claro. Além do mais, sou absolutamente possessiva. E isso é o ingrediente complementar para não alcançar a dádiva do perdão, e também de Deus.

Não sei falar bonito, não sei quase nada sobre um monte de coisas e também não escrevo certo (nem por linhas retas). Nem é minha intenção. Faço orações, jejum, terapia, promessas, ou outro nome que você prefira dar. Eu falo do que sinto, do que vejo, do que sei. Nem mais, nem menos.

E mais do que nunca eu aprendi nos últimos dias que o amor não é pra todo mundo. E que tem gente que não sabe amar.

Nem ando conseguindo escrever bonito. Nem conseguindo dizer o que sinto. Acho até que nem ando conseguindo sentir o que sinto. Fica só essa sensação rasa. Esse toque feito vento.
Por ora eu não quero mais lamento, não quero mais dias cinzentos, não quero mais roda presa e nem angústia. Quero alegria, porque nós podemos, sabe? E andei pensando que é até pecado ficar triste tendo tudo o que nós temos.

Quero é agradecer e pintar florzinhas no canto da página, porque parece até que tô desaprendendo a construir carrossel colorido com um clip, um barbante e um palito de picolé. Quero voltar a dar minhas risadas altas e rir de mim mesma. Acordar e não ter que pensar em como resolver um problema que só o tempo pode resolver.

Decidi entregar minha vida e os meus problemas pra Deus. Decidi viver.
E se porventura um dia o meu peito apertar, eu vou me lamentar e chorar sim, porque lugar de coisa ruim é do lado de fora da gente.

Vivianne Oliveira

Pueril

Minha dimensão não cabe num quarto, no espaço de um mero romance. De tão diferentes convergimos. Me choco na pele, no abraço que tento - tentacular - aliviar minha aflição. Vivo na angústia do risco de me pôr crescente e nunca hesitar o toque quando a palavra não basta. É na minha mão que eu sinto nosso acordo. Nos corpos que adornam nossa cama antes de dormir. Nas tantas vezes que sem razão demencio ao ciúme e confundo o zelo. Pueril.


Vivianne Oliveira

:)

quarta-feira, 20 de abril de 2011


Se é verdade que o tempo não volta, também deveria ser verdade que os amigos não se perdem.

:)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Salmo 139

Senhor, tu me sondas, e me conheces.
Tu conheces o meu assentar e o meu levantar;
de longe entendes o meu pensamento.

Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar,
e conheces todos os meus caminhos.

Sem que haja uma palavra na minha língua,
eis que, ó Senhor, tudo conheces.

Tu me cercaste em volta, e puseste sobre mim a tua mão.


Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim;
tão elevado que não o posso atingir.

Para onde me irei do teu Espírito,
ou para onde fugirei da tua presença?

Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama,
eis que tu ali estás também.

Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
ainda ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Se eu disser: Decerto as trevas me encobrirão,
então a noite será luz ao meu redor;
nem ainda as trevas me escondem de ti,
mas a noite resplandece como o dia;
as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.

Pois tu formaste os meus rins;
entreteceste-me no ventre de minha mãe.

Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável
e maravilhoso fui formado;
maravilhosas são as tuas obras,
e a minha alma o sabe muito bem.

Os meus ossos não te foram encobertos,
quando no oculto fui formado,
e esmeradamente tecido como nas profundezas da terra.

Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe,
e no teu livro todas estas coisas foram escritas;
as quais iam sendo diariamente formadas,
quando nem ainda uma delas havia.

E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos!
Quão grande é a soma deles!

Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a areia;
quando acordo ainda estou contigo.

ó Deus tu matarás decerto o ímpio:
apartai-vos portanto de mim homens sanguinários,
pois falam malvadamente contra ti,
e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.

Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam?
E não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?
Odeio-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece os meus pensamentos;

Vê se há em mim algum caminho perverso,
e guia-me pelo caminho eterno.


Salmo de Davi

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Perhaps Love

Talvez o amor seja como um lugar de descanso, um abrigo da tempestade Ele existe para te dar conforto, ele está lá para te manter aquecido E nas horas de turbulência, quando mais você está sozinho A lembrança de um amor te levará para casa.

Talvez o amor seja como uma janela, talvez uma porta aberta Ele te convida a chegar mais perto, ele quer te mostrar mais E mesmo que você se perca e não saiba o que fazer A lembrança de um amor fará você superar tudo. Talvez o amor seja como o oceano, cheio de conflitos, cheio de dor Como uma lareira quando faz frio lá fora, como o trovão quando chove E se eu vivesse para sempre, e todos os meus sonhos fossem realizados Minha lembrança de amor seria de você.

O amor para alguns é como uma nuvem, para outros, tão forte quanto o aço Para alguns um modo de vida, para outros uma forma de sentir E alguns dizem que o amor está suportando e outros dizem "deixa ir" E alguns dizem que o amor é tudo, e outros dizem que não sabem. Talvez o amor seja como o oceano, cheio de conflitos, cheio de dor Como uma lareira quando faz frio lá fora, como o trovão quando chove E se eu vivesse para sempre, e todos os meus sonhos fossem realizados Minha lembrança de amor seria de você.

E alguns dizem que o amor está suportando E outros dizem "deixa ir" E alguns dizem que o amor é tudo, e outros dizem que não sabem Talvez o amor seja como o oceano, cheio de conflitos, cheio de dor.

Como uma lareira quando faz frio lá fora, como o trovão quando chove E se eu vivesse para sempre, e todos os meus sonhos fossem realizados Minha lembrança de amor seria de você.


Cantor John Denver

Um Grito de Esperança

Certo dia, li um texto de Affonso Romano de Sant’ Anna que começava assim: “Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos”. “É que as crianças crescem independente de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados” e terminava assim: “Aprendemos a ser filhos depois que somos pais. Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...”.

Certo dia, li um texto de William Blake que dizia assim: “Ver um céu numa flor do Campo, Ter o Infinito na palma da mão. E a Eternidade em uma hora...”.

Ao amanhecer de certo dia, aprendi com Affonso Romano e entendi com William Blake: que ao raiar deste novo dia, eu fui avó. E com certeza foi o segundo dia mais feliz da minha vida.

Então, no raiar deste novo dia, comecei um caso de amor com a vida. Fui inundada pelo amor.

A partir daí, para manter esse caso de amor com a vida, venho travando diuturnamente uma batalha árdua e injusta. Limpo com ungüento as feridas da alma e amorteço como posso as dores lancinantes que penetram o meu peito.

Desejo poder exercer um único direito de ser, inteiramente e simplesmente avó.

Justamente quando conseguimos transformar pequenas vivências em intuições geniais e quando nos sentimos capazes de extrair dessas vivências experiências prosaicas, quando nos sentimos capazes de compreendermos a essência da vida, na simplicidade do viver: somos tolhidas, perversamente do exercício deste direito natural de sermos avós.

Quando nos desnudamos de todas as máscaras e nos apresentamos de cara lavada, porque já não mais tememos dizer quem realmente somos, nos surpreendemos com as regras e os manuais de convivência ditados por pessoas que impedem de que expressemos o amor. Já não temos a liberdade de ninar, banhar, alimentar, brincar, educar e viver o desabrochar dos nossos netos.

Que mal ao mundo dos nossos netos traremos? Nossos corações continuam a bater plenos de amor, nossas bocas continuam a aspirar e respirar o sopro da vida.

Conversando com amigas do peito, ouvi relatos de histórias semelhantes a minha. Pergunto-me o porquê tanto empenho em sabotar a nossa capacidade de amar?

Por quê?

Entendo que a vida tem que ser algo além de um simples cumprir de regras e de programas. Que são estabelecidos muitas vezes por mentes e corações amargurados, frustrados e incapazes de amar.

Afinal de contas não sabemos quanto tempo resta-nos para conversarmos com os nossos netos, vê-los crescer, sentirmos o seu cheiro, lambuzar-lhes com o sabor de mangas, sapotis, laranjas e sorvetes.

Como é bom ensinar aos nossos netos a brincar de Pega-Pega, de Roda e cantando as cantigas ensinadas pelos nossos avós. Brincar de Marcha Soldado, Cavalo de pau e apreciar as piruetas das pipas, olhando para o céu acima de nós.

Como é bom aprender com os nossos netos as brincadeiras de hoje, jogar vídeo game, manusear um carrinho de controle remoto, disputar jogos na internet...

Acamparmos nas noites de verão, dormindo com as estrelas e despertando ao primeiro raio de sol.

Ainda deitados preguiçosamente na grama, desdenharmos as travessuras para o novo dia que surge numa aurora cheia de esperança.




Maria Clara Santana Nascimento

Boa ação do dia!

Seja mais humano e agradável com as pessoas do que parece necessário. Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha. Viva com simplicidade. Ame generosamente. Cuide intensamente. Fale com gentileza. Deixe o restante com Deus.

A hora

Sempre chega a hora em que mudanças são imprescindíveis. Sempre chega a hora em que há a necessidade de buscarmos fazer o que fazemos todos os dias de maneira diferente. Sempre chega a hora em que o que passou passou, e o que virá é o que realmente conta.Não importa que não existam problemas, insatisfações, incômodos.

Não importa que dentro da gente tudo continue igual e que as manias ainda sejam as mesmas. Não importa que estejamos confortavelmente bem no lugar onde estamos. E é nessa hora que é preciso alçar vôos em busca de outros mundos...

:)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Minha saudade

São quase meia-noite. O tic-tac do relógio soa seco enquanto as horas se arrastam preguiçosamente. O silêncio que ecoa pela casa é ensurdecedor... Prenúncio de mais uma madrugada longa a minha espera. Decidi então me sentar no chão frio do quarto, defronte a janela, e escrever. Mas escrever o que? Escrever meio sem rumo, para passar o tempo e ver o sono chegar de mansinho. Escrever para enfim colocar em palavras o que me inquieta a alma.

Decididamente não escrevo para ninguém. Talvez eu escreva, (em desabafo) para a saudade. Esta elegante dama que vem visitar-me todas as noites e por vezes dias sem fim. A saudade vem ao meu encontro vestida de um belíssimo manto negro adornado de estrelas. Com seus meigos olhos de luar, e um pequeno-sorriso-triste... Sempre triste. A quem quero enganar? A mim mesma? A saudade? Não. Não escrevo para a saudade, pois esta já conhece meu tormento. Escrevo para mim mesma, como se escrevendo eu pudesse aliviar a minha dor. Confesso que na esperança (sempre vã) de diminuir do meu peito essa ausência de não sei o quê. Escrevo na esperança de reduzir a falta de pessoas queridas, que a vida foi me deixando ao longo da minha existência. Na ânsia de tentar reviver, mesmo que por instantes, alguém que fui ou até mesmo viver em palavras o que posso nem me tornar a ser.

Cumpro todas as noites o mesmo ritual, deixando sempre a porta do quarto aberta. E por esta mesma porta a saudade entra, e me faz companhia. Como agora: Enquanto escrevo, ela me observa. Não diz palavra alguma. Apenas me olha, e entende o meu silêncio. No desabrochar destas noites insones, quando o meu perigo aumenta, é ela quem me acalenta, que me envolve num abraço cheio de lembranças perfumadas dos dias felizes da minha vida em pura essência.

A minha saudade tem cheiro. É um perfume diferente que exala de cada pensamento meu que percorre o passado, cada lembrança que eu tenho da minha infância, da minha adolescência, do primeiro amor, dos lugares que vivi, da inocência enquanto menina. Um tempo que não volta nunca. E é um cheiro perfeito, puro, inconfundível. E nesta noite, pude perceber que durante toda minha vida eu senti saudade. Passei dias a chorar minhas percas, ausências, as minhas faltas. Passei o tempo todo me despedindo de algo, me ausentando de alguém. E a saudade insistindo, teimosa em me perseguir...


Ah, são tantas as minhas saudades...Permita-me neste momento ser um tanto egoísta e falar somente da minha saudade, a chorar somente a minha dor, e dizer como me sinto. Estou cansada. Sinto dores. Na alma. Lágrimas não choradas e uma tristeza que não posso (e nem quero) comunicar a ninguém. Sinto falta. Me dói muitas ausências. E mesmo tentando não sentir tanta falta, tanta saudade, simplesmente a sinto. Inevitavelmente, porque de certo amo, ou amei em algum momento na minha vida. E a saudade nada mais é a consequência da ausência de quem se ama.


Vivianne Oliveira

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O silêncio do mundo





"Provavelmente está feito de suspiros o silêncio que precede o silêncio do mundo."


José Saramago

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.


Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.


Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.


Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz perenizada.


Ausência, de Vinícius de Moraes.

Motivo



Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias no vento.

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço.

Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto.

E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.



Cecília Meireles

Natureza humana


À natureza profunda do ente humano repugna ver-se isolada do convívio dos seus semelhantes, e o pior de todos os castigos é aquele que fere a nossa natureza profunda.


Rachel de Queiroz

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terça-feira, 5 de abril de 2011

Não há falta na ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada,

aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.



Carlos Drummond de Andrade

Amar


Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer…

E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,

e da minha boca fechada nasceram sussurros e palavras mudas que te dediquei…

O amor é quando a gente mora um no outro.




Mário Quintana

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A dança

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio

Ou flecha de cravos que propagam fogo

Te amo como se amam certas coisas obscuras

Secretamente, entre a sombra e a alma

Te amo como a planta que não floresce e

Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores

E graças a teu amor, vive oculto em meu

Corpo o apertado aroma que ascende da terra

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde

Te amo diretamente sem problemas nem orgulho;

Assim te amo porque não sei amar de outra maneira

Senão assim, deste modo, em que não sou nem és

Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha

Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


"A Dança". Soneto extraído do livro Cem Sonetos de Amor, de Pablo Neruda

Sinto saudade

Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, quando ouço uma música. Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei. Sinto saudades da minha infância. Do presente, que não aproveitei de todo, porque estava preocupada demais com o meu futuro. Sinto saudade do futuro que de tão idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser.

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei, de quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi como deveria; daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre; de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter; de coisas que nem sei que existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências.

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar, dos CDs que ouvi e que me fizeram sonhar, das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade... Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o quê, não sei onde, para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês, mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota... Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, instantâneamente, quando estamos desesperados, para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes, seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples "I miss you", ou seja lá como possamos traduzir saudade, em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima, corretamente, a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas às vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, e que dói, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos... Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis, de que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ou das pessoas que se ausentaram ao longo da nossa existência.


Vivianne Oliveira

Mexeu muito comigo!


Tristeza


Não fique triste assim não vale a pena. Erros e acertos são filhos do mesmo pai. E a mãe que fez a dúvida deu vida a certeza. O tempo há de mostrar o mundo se transformar. Mais triste é quem diz que para um problema. Só existe a solução da matemática. O que me faz feliz são coisas pequenas. Um lindo arco-íris riscando o fim de tarde. E eu olho pra você e vejo toda a graça. Seus olhos brilham pretos seus lábios sem palavras. Seus gestos com timidez seus dedos bem pintados seu rosto sem segredos. Sorrindo leite em lágrimas. Guarde esse amor ele é todo seu.

Lindo como a flor, livre como um Deus.



Nando Reis

O apego ao amor!


Você pode amar sempre, mas ainda assim o amor nunca será seu. Será de você para o mundo, para alguém, para muitas pessoas. O que você acha que é seu não é de ninguém, nem seu. E o que você sabe que não é de ninguém, pode ser seu, desde que você não tente segurar, apenas predisponha-se a sentir, viver, experimentar. Se pudermos fazer isso com toda a intensidade de que somos capazes, talvez consigamos compreender o verdadeiro significado da palavra plenitude... em substituição à avassaladora palavra “apego”.

Desapegue-se do amor. Apenas ame!


Vivianne Oliveira

quinta-feira, 31 de março de 2011

Ela

Apaixona-se por hábito. Pavio curto, esperança a metros. Desnuda de medo, transparente. Crente, roga aos céus pelos seus. Pés no chão, mãos ao coração, salto alto que voa. Saia rodada, recatada, acima do joelho, gentil espelho. Boca suave, corpo selvagem, coração de bomba. Punhado doce e pitada azeda, quer hoje o que não queria. Não quer mais o que desejou. Testa de não sei. Sorriso de sim. Choro de não. Ombro de talvez.

Bela. Rara. Incertezas e quereres: seus ofícios. Pode ser depois o que não era antes. E nunca mais para quem sempre foi. Cabelos ao vento, sempre atenta. Ontem fervia o que hoje resfria. Oras sol, oras chuva, trama e entrega, assanhada vulva. Toca e se retoca. Ajusta o caminho injusto. Teu ponto é dado a nó. Compaixão, coragem é tua religião. Arde em fogueira onde foi maré fria. Desce do salto em um segundo e sobe como se na palma da mão coubesse o mundo. Maquiada, cara lavada. Cheia de manias.

Do teu ventre, a vida, banhada com tuas lágrimas. Manhosa, misteriosa, poros poderosos, na ponta dos dedos segredos. Sagrada, profana, santa, divina, da vida. Vestida de intuição, luz, intenção e brilho próprio, se cobre com um dia, se traja noturna. Se prende com seu tato, embriaga com seu hálito. De perto tentação, de longe, saudade. Verdade e mentira, não queiram ver tua ira. De segredos. Feita de diversos infinitos e opcões.

Não será ela se não for inconstante. É uma delícia ser, MULHER.


Vivianne Oliveira

domingo, 27 de março de 2011

Doce Natureza

Eu ainda não sei controlar direito a natureza exuberante e

maravilhosa que existe dentro de mim;

As árvores da minha bondade ainda não dão frutos cem por cento doces;

O rio dos meus pensamentos, ainda não despoluiu totalmente;

A lua cheia de minha vida, não consegue clarear indistintamente;

O mar da minha bondade, e suas ondas gigantes, ainda machucam;

A chuva de compaixão do meu verão, ainda causa inundação;

O céu azul do meu planeta íntimo, se veste de roxo vez em quando;

Preciso tomar providências: apesar de ser difícil, vou à luta.

Eu quero colocar na minha noite, lampiões e depois estrelas;

Eu quero engravidar de Amor; voar nas asas da Sabedoria e da Caridade;

E com muita certeza no coração, Dar à luz a uma vida plena.



Nando Cordel

sábado, 26 de março de 2011

Romeo and Juliet


"Estas alegrias violentas têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se
consomem."

Eu adoro voar!

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes. Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!


Clarice Lispector

Sabedoria!

1. A vida não é justa, mas ainda é boa. 2. Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo. 3. A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém. 4. Seu trabalho não vai cuidar de você quando você adoecer. Seus amigos e seus pais vão. Mantenha contato. 5. Pague suas faturas de cartão de crédito todo mês. 6. Você não tem que vencer todo argumento. Concorde para discordar. 7. Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho. 8. Está tudo bem em ficar bravo com Deus. Ele agüenta . 9. Poupe para a aposentadoria, começando com seu primeiro salário. 10. Quando se trata de chocolate, resistência é em vão. 11. Sele a paz com seu passado, para que ele não estrague seu presente. 12. Está tudo bem em seus filhos te verem chorar. 13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que se trata a jornada deles. 14. Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele. 15. Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, Deus nunca pisca. 16. Respire bem fundo. Isso acalma a mente. 17. Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso. 18. O que não te mata, realmente te torna mais forte. 19. Nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz. Mas a segunda só depende de você e mais ninguém. 20. Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite "não" como resposta. 21. Acenda velas, coloque os lençóis bonitos, use a lingerie elegante. Não guarde para uma ocasião especial. Hoje é especial. 22. Se prepare bastante; depois, se deixe levar pela maré... 23. Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo. 24. O órgão sexual mais importante é o cérebro. 25. Ninguém é responsável pela sua felicidade, além de você. 26. Encare cada "chamado" desastre com essas palavras: Em cinco anos, vai importar? 27. Sempre escolha a vida. 28. Perdoe tudo de todos. 29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta. 30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo. 31. Indepedentemente de a situação ser boa ou ruim, irá mudar. 32. Não se leve tão a sério. Ninguém mais leva... 33. Acredite em milagres. 34. Deus te ama por causa de quem Ele é, não pelo que vc fez ou deixou de fazer. 35.. Não faça auditoria de sua vida. Apareça e faça o melhor dela agora. 36. Envelhecer é melhor do que morrer jovem. 37. Seus filhos só têm uma infância. 38. Tudo o que realmente importa, no final, é que você amou. 39. Vá para a rua todo dia. Milagres estão esperando em todos os lugares. 40. Se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta. 41. Inveja é perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa. 42. O melhor está por vir. 43. Não importa como vc se sinta, levante, se vista e apareça. 44. Produza. 45. A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente".


Escrito por Regina Brett

A melhor morada



Se me perguntassem em que lugar eu gostaria de morar eu com certeza diria que é dentro do teu abraço. Não existe lugar mais confortável, quente e acolhedor. E eu me sinto segura, em paz, protegida, sem medo. Deve ser por isso que gosto tanto de encostar a cabeça no teu peito e ficar bem quietinha. Dessa forma, dá a impressão de que ninguém me acha, a não ser quem efetivamente precisa me encontrar. Mas essas pessoas, bem, elas nunca, nunca me perdem. E eu não sei explicar o resto, acho que é uma questão de amor.

Vivianne Oliveira

Amadurecimento

Eu tenho refletido sobre coisas que normalmente me dariam receio: entrega, viver longe, casamento, cortinas, redes, cajueiro, filhos...Mas por incrível que pareça, tem me feito bem pensar nessas coisas antes tão sem importância para mim. E você tem me feito tão bem. E sou melhor hoje, contigo. Sou mais frutífera, mais suave, mais eu... Porque só podemos ser o que somos quando se encontra alguém que nos ajuda a ser. Me entende? Eu sei que entende, e é disso que eu falo, dos saberes e entenderes. Te esperei, parte minha e você chegou! E o amo muito, por tudo isso e mais.


De VivianneOliveira para Rodrigo Santana (meu esposo).

A dor...

É complicado se auto definir... Mas, com o tempo e o discernimento adquirido, podemos nos dar o luxo de mergulhar dentro de nós mesmos... enxergar, constatar certas coisas, porém não encarar isso como um veredicto final... Do tipo, "sou assim e pronto".

O mais interessante é o questionamento do que podemos (e devemos) mudar. Às vezes me acho indefinível, como um harém em mim mesma. Às vezes tão certa do que sou, do que quero, outras vezes duvidando até do fato de existir (risos).

Sou uma pessoa extremamente sentimental, sensível, intuitiva, receptiva, dedicada, apaixonada, fiel aos meus princípios, romântica...e sem um pingo de paciencia. Sim, mas sou movida a carinhos, a gentilezas...(Confuso?) Tambem acho.

Já me disseram que eu vivo tudo num nível muito acentuado, exagerado mesmo. Claro que isso tem suas vantagens ( e como tem), mas toda a minha fortaleza, a minha alegria, o meu sorriso e bom humor se esvaem ao menor sinal de deslealdade.

Já aguentei tranco muito fortes na minha vida, (já fui assaltada, já fui enganada, já me acusaram simplesmente para tomar meu lugar no trabalho, já fui traída, desmerecida, nossa.. a lista é imensa...). Mas nada disso me tirou a fé na vida, nas pessoas e principalmente em Deus. Nada me tirou essa teimosia imensa de ser feliz. Nada disso me deixou traumas.

Mas é incrível como ainda algumas coisas me ferem bem fundo, na alma. Não consigo entender as pessoas quando elas viram as costas a quem lhe estendeu a mão quando elas mais precisaram. Não consigo aceitar que alguém não consiga agradecer uma ajuda, por mais simples que seja. Não tolero a falta de consideração, a falta de generosidade dos seres humanos.

Eu não aprendi o que Shakespeare ensinou, que se uma pessoa não me ama da forma como eu gostaria não significa que ela não me ame. Eu não aprendi, e eu sofro, porque eu acho que elas não me amam mesmo, (porque eu acho que nem de longe isso e amor) e que eu desperdicei o carinho que dediquei a elas o tempo todo.

Outro dia mesmo passei de novo por uma experiência semelhante. Pensei que estivesse mais madura do que estou, pensei que estivesse mais preparada...mas que nada... Lá vou eu pro fundo do poço, mergulho sem medo, me deixo abater, me recolho, me calo, choro, fico com raiva de mim, degusto em detalhes o sofrimento, uma ação quase masoquista...

Mas me bastam alguns dias... e cá estou eu de novo, cheia de fé, cheia de esperança, sorriso que teima ficar o tempo todo no rosto.

Confesso que me decepcionei de novo comigo mesma... Sim, é comigo a decepção...eu tenho que aprender a não esperar nada dos outros, me preparar pro que pior e aceitar que vier...Mas eu estou viva, e tenho ainda muito o que aprender... E isso não deixa de ser uma delícia...


Vivianne Oliveira

Viver


Viva. Viva. É difícil, é duro, mas viva.


Clarice Lispector

A paz que vem de Deus

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

Carta de Paulo aos Filipenses: Capítulo 4, versículos 6 e 7.

Saudade

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Clarice Lispector

Tratado sobre a mortalidade do amor

Todos os dias morre um amor. Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos. Morre em uma cama de motel ou em frente à televisão de domingo. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios. Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal inanição.

Todos os dias morre um amor. Às vezes com uma explosão, quase sempre com um suspiro. Todos os dias morre um amor, embora nós, românticos mais na teoria do que na prática, relutemos em admitir. Porque nada é mais dolorido do que a constatação de um fracasso. De saber que, mais uma vez, um amor morreu. Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre nos ensina alguma coisa. E esta é a lição: amores morrem.

Todos os dias um amor é assassinado. Com a adaga do tédio, a cicuta da indiferença, a forca do escárnio, a metralhadora da traição. A sacola de presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relógio, o silêncio ensurdecedor depois de uma discussão: todo crime deixa evidências.

Todos nós fomos assassinos um dia. Há aqueles que, feito Lee Harvey Oswald, se refugiam em salas de cinema vazias. Ou preferem se esconder debaixo da cama, ao lado do bicho-papão. Outros confessam sua culpa em altos brados, fazendo de pinico os ouvidos de infelizes garçons. Há aqueles que negam, veementemente, participação no crime, e buscam por novas vítimas em salas de chat ou pistas de danceteria, sem dor ou remorso. Os mais periculosos aproveitam sua experiência de criminosos para escrever livros de auto-ajuda com nomes paradoxais como "O Amor Inteligente", ou romances açucarados de banca de jornal, do tipo "A Paixão Tem Olhos Azuis", difundindo ao mundo ilusões fatais aos corações sem cicatrizes.

Existem os amores que clamam por um tiro de misericórdia: corcéis feridos.

Existem os amores-zumbis, aqueles que se recusam a admitir que morreram. São capazes de perdurar anos, mortos-vivos sobre a Terra teimando em resistir à base de camas separadas, beijos burocráticos, sexo sem tesão. Estes não querem ser sacrificados, e, à semelhança dos zumbis hollywoodianos, também se alimentam de cérebros humanos, definhando paulatinamente até se tornarem laranjas chupadas.

Existem os amores-vegetais, aqueles que vivem em permanente estado de letargia, comuns principalmente entre os amantes platônicos que recordarão até o fim de seus dias o sorriso daquela ruivinha da 4a. série, ou entre fãs que até hoje suspiram em frente a um pôster do Elvis Presley (e, pior, da fase havaiana). Mas titubeio em dizer que isso possa ser classificado como amor (Bah, isso não é amor. Amor vivido só do pescoço pra cima não é amor).

Existem, por fim, os amores-fênix. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, das contas a pagar, da paixão que escasseia com o decorrer dos anos, da TV ligada na mesa-redonda ao final do domingo, das calcinhas penduradas no chuveiro e das brigas que não levam a nada, ressuscitam das cinzas a cada fim de dia e perduram - teimosos, e belos, e cegos, e intensos. Mas estes são raríssimos, e há quem duvide de sua existência. Alguns os chamam de amores-unicórnio, porque são de uma beleza tão pura e rara que jamais poderiam ter existido, a não ser como lendas. Mas não quero acreditar nisso.

Um dia vou colocar um anúncio, bem espalhafatoso, no jornal.

PROCURA-SE: AMOR-FÊNIX
(ofereço generosa recompensa)

Alexandre Inagaki